mércores, 5 de febreiro de 2025

A derradeira melodia dos Dormintes

Negras congostras cheas de lamacentos preságios
através das quales o meu espírito esmorece
em pensamentos de pedra e sofrimento
pois dor é o que agardo, dor o que me agarda

Corpos paralisados pola invisível potestade
daqueles que ostentam o domínio do ouropel,
corpos corroídos pola avareza e a miséria
que ignoram o vazio mais aló dos Nove Círculos

Bágoas latentes de carragem
que precedem a um profundo berro de luita
pois ainda o bardo nom cantou
a derradeira melodia dos Dormintes

A Mística Arte Da Diferença

Zoam as campás no camposanto apodrecido
Em badaladas funestas dum silencioso pranto
Assobio sibilante de espectrais alucinaçóns
Num latejar calmo e sinuoso

Nebulosos eflúvios desprendidos no incerto
De solimáns verquidos nas gadoupas do tempo
Olhar inerte nun transe estertóreo
Densa agonia baixo círculos concêntricos

Runas escritas no sangue proibido
Em grimórios de neumas em campo aberto
Que as vozes de línguas queimadas
Berram coa tolémia dum agónico letargo

martes, 4 de febreiro de 2025

kyría éleos

dona que repousas os teus olhos nas nossas vidas
efémeras coma lóstregos na trevoada
coma bágoas de orvalho na tremerosa ialba
mostra-nos a tua luz no derradeiro instante

dona que repousas os teus olhos nas nossas vidas
efémeras coma o cantar dos corvos no outono
coma o vermelho da lua no obscuro
alouminha-nos coa tua luz no derradeiro instante

dona que repousas os teus olhos nas nossas vidas
efémeras coma pétalas de chorima na espessura
coma o último raio de sol no solstício
da-nos o eterno descanso

martes, 12 de novembro de 2024

Non contaba para ninguén.

Ninguén reparara na súa presenza... ela, que sempre estaba no medio, entre todas as persoas, en calquera situación.

Ela.

Todas a evitaban. Non falaban. Non a nomeaban. Nin sequera querían pensar nela.

Pois sempre estaba, e sempre estaba.

Ela.

E aínda así, no preciso momento, no mesmo preciso momento, no mesmo preciso derradeiro momento, alí vían sempre o seu sorriso...

Sempre agarimoso, sempre doce, sempre maternal.

Ela.

domingo, 23 de xuño de 2024

De mouras e meigalhos

Polo profundo labirinto de maranhas e enganos
de velenosos solimáns de ancestrais ritos
baixo uma lua nova que precede o eclipse
perdo a minha ialma cara o Inomeável

Entre febrís sonhos de tempos esquecidos
sinto o doce alento duma suave ladainha
e um olhar nídio e calmo entre a bruma
guia-me cara o escintilar dum dourado refúgio

E alí na mais luminosa das estáncias
perdo-me em longos cabelos e em sedutoras fragâncias
a peçonha que me carcome sae convulsa e tremerosa
já o infinito e o nada se confundem numa melodia eterna

martes, 18 de xuño de 2024

O doce cantar da Xácia

Nas vizosas riveiras minhotas
aló onde os sagrados carvalhos tecem a mágia
entre ruínas de histórias perdidas
olho o reflexo da Lua na iauga

Agardo polo barqueiro da calada dorna
o seu olhar perde-se na noite
mentres garda a minha moeda
no abismo dum espectral peto

É entom quando ouvo a sua voz
melodia que nasce do mais profundo
um reflexo distrae o meu sentido
e um nome sae dos meus beizos

Morno sentir dum corpo imóvel
o seu doce cantar roza a minha consciência
nunca a enlouquecedora vissom do Nada
foi tam plácida e esperançadora

O deter das horas

Lento caminhar entre silenciosas árvores
seguindo o sendeiro de pedras gastadas
no ar a friagem de pensamentos inevitáveis
marcados polo fio da gadanha

Na Ferranheira calmo a sede
nas augas limpas e de estimulante frescor
um corvo voa sobre mim
cara o solpor através duma bruma crecente

A noite cae paseninho
a Dor obriga o deter das horas
um cantar lastimeiro medra
aló onde nom pode chegar o abatimento