xoves, 24 de febreiro de 2022

Sombras na Pedra do Dragom do Tempo

Sombras do Etéreo e o Eterno

Perdidas entre esquecidos sendeiros
e aterecidas árvores de sons silandeiros
repousam em velhas pedras lavradas
polas expertas mans de alquímica sabedoria
as Sombras do Etéreo e o Eterno

Numa masmorra pútrida e pestilente
agocham-se protegidas de infames olhadas
arcaicos pergaminhos que gardam em silêncio
arcanas verbas e inscriçóns do Oculto
dum luminescente Passado

Já começou a dança
já vibram as cordas de cítolas e saltérios
já resoa o pandeiro
baixo o estrelado Arco do Infinito

***

O Dragom do Tempo

Além da Lagoa do Esquecimento
onde descansa a Morte na Lua Nova
baixo a montanha das névoas perpétuas
onde o Sol nunca ousou alumear

Dorme num eterno salouco
Aquele que atesoura ialmas
arrincadas da lama e do esterco
já perdidas no Imenso Abismo

Já apodrecem nas velhas mámoas
cubertas polo esquecimento implacável
as derradeiras olhadas que na Negra Noite
sentírom a luz das estrelas esmorecer

Já ficam valeiros os derruídos sartegos
onde medra a amarga sensaçom do Olvido
de ossos que uma vez tremêrom no Escuro
baixo o enxordecedor e agónico berro do Dragom do Tempo

***

Orvalho no silêncio

Já sinto nesta fria noite
como o negro licor adormece o meu sangue
já alvisco sorridente o negro olhar
daquela que me acompanha dende a Ialba da Memória

Já afouto roubei ao Dragom do Tempo
na sua montanha além da Lagoa das Ialmas Esquecidas
baixo uma sanguenta Lua de Outono
o segredo do Eterno e o Inconcebível

Já pouso os meus dedos neste velho oud
e começo a derradeira das proibidas variaçóns
já o Nada fai calar o lume da lareira
e um lene orvalho bica o repentino silêncio

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