martes, 12 de novembro de 2024

Non contaba para ninguén.

Ninguén reparara na súa presenza... ela, que sempre estaba no medio, entre todas as persoas, en calquera situación.

Ela.

Todas a evitaban. Non falaban. Non a nomeaban. Nin sequera querían pensar nela.

Pois sempre estaba, e sempre estaba.

Ela.

E aínda así, no preciso momento, no mesmo preciso momento, no mesmo preciso derradeiro momento, alí vían sempre o seu sorriso...

Sempre agarimoso, sempre doce, sempre maternal.

Ela.

domingo, 23 de xuño de 2024

De mouras e meigalhos

Polo profundo labirinto de maranhas e enganos
de velenosos solimáns de ancestrais ritos
baixo uma lua nova que precede o eclipse
perdo a minha ialma cara o Inomeável

Entre febrís sonhos de tempos esquecidos
sinto o doce alento duma suave ladainha
e um olhar nídio e calmo entre a bruma
guia-me cara o escintilar dum dourado refúgio

E alí na mais luminosa das estáncias
perdo-me em longos cabelos e em sedutoras fragâncias
a peçonha que me carcome sae convulsa e tremerosa
já o infinito e o nada se confundem numa melodia eterna

martes, 18 de xuño de 2024

O doce cantar da Xácia

Nas vizosas riveiras minhotas
aló onde os sagrados carvalhos tecem a mágia
entre ruínas de histórias perdidas
olho o reflexo da Lua na iauga

Agardo polo barqueiro da calada dorna
o seu olhar perde-se na noite
mentres garda a minha moeda
no abismo dum espectral peto

É entom quando ouvo a sua voz
melodia que nasce do mais profundo
um reflexo distrae o meu sentido
e um nome sae dos meus beizos

Morno sentir dum corpo imóvel
o seu doce cantar roza a minha consciência
nunca a enlouquecedora vissom do Nada
foi tam plácida e esperançadora

O deter das horas

Lento caminhar entre silenciosas árvores
seguindo o sendeiro de pedras gastadas
no ar a friagem de pensamentos inevitáveis
marcados polo fio da gadanha

Na Ferranheira calmo a sede
nas augas limpas e de estimulante frescor
um corvo voa sobre mim
cara o solpor através duma bruma crecente

A noite cae paseninho
a Dor obriga o deter das horas
um cantar lastimeiro medra
aló onde nom pode chegar o abatimento

domingo, 21 de abril de 2024

merci beaucoup
agradece com olhos chorosos
na beira-rua
mentres paralisado vejo como recolhe umas moedas caidas

nom todo no mundo é alegria
comentas com olhos chorosos
no meu colo
mentres paralisado perdo o fio das mensagens do telemóvel

merda de vida
penso com olhos insones
na longa noite
mentres paralisado analiso a minha frialdade acomodada

martes, 16 de abril de 2024

ruído
conversas difusas
num espaço caótico
vozes perdidas cara um tempo incerto
gravaçóns que se mesturam
coa realidade escura
e os sorrisos nom som mais ca um escudo
das olhadas de saudade
de quem ainda nom alvisca
o Abismo

luns, 8 de abril de 2024

ruído
que produce um silêncio primordial
saraiva que atravessa os meus ouvidos
e inscreve no profundo uma dor contínua
lene
quase imperceptível
e ansio a sede infinita das cordas vibrantes
e dedos esfarrapados e cansos
mentres caem as pálpebras em sonhos de esquecidas imagens
inexistentes