martes, 16 de abril de 2024

ruído
conversas difusas
num espaço caótico
vozes perdidas cara um tempo incerto
gravaçóns que se mesturam
coa realidade escura
e os sorrisos nom som mais ca um escudo
das olhadas de saudade
de quem ainda nom alvisca
o Abismo

luns, 8 de abril de 2024

ruído
que produce um silêncio primordial
saraiva que atravessa os meus ouvidos
e inscreve no profundo uma dor contínua
lene
quase imperceptível
e ansio a sede infinita das cordas vibrantes
e dedos esfarrapados e cansos
mentres caem as pálpebras em sonhos de esquecidas imagens
inexistentes
ver através
dos teus olhos inquedos
um novo eclipse

domingo, 31 de marzo de 2024

ruído
é somente ruído
catarse completa neste vazio
kaos mergulhado nas raices de árvores mortas
que olham ao vermelho sol do leste
minimais sons dum éter efémero
incompreensível
abissal e primigénio
orvalho na ialba sobre as hervas já murchas
nada
já muito tempo
sem sentir a chamada
verbas na noite

xoves, 24 de febreiro de 2022

Drou

Resplandecem no Escuro
os derradeiros fungos do esquecimento
aqueles que deixo atrás
seguiram-me coma um premonitório pesadelo

Negras flores de cheiro putrefacto
arrecendem entre as fissuras da pedra
ainda a tolémia nom me abafa
coa sua implacável presença

O estrondo dum sepulcral silêncio
fecha os meus olhos cansos
de uma espreita eterna do Abismo,
do Eterno que me chama e me atormenta

Aqueles que deixo atrás
seguiram-me coma um premonitório pesadelo

Demos do Kaos,
velaquí uma irredenta ialma perdida

***

Sons de ancestrais danças
mergulham o meu entendimento
num morno maternal acubilho
infame aranheira de presságios

As suas vozes de doce veleno
invocam ocultos incompreensíveis poderes
baixo uma Lua inscrita em pedra
lavrada nos albores do Tempo

Deusas da Noite
velaquí o derradeiro afouto canto
de uma ialma dorminte

Sombras na Pedra do Dragom do Tempo

Sombras do Etéreo e o Eterno

Perdidas entre esquecidos sendeiros
e aterecidas árvores de sons silandeiros
repousam em velhas pedras lavradas
polas expertas mans de alquímica sabedoria
as Sombras do Etéreo e o Eterno

Numa masmorra pútrida e pestilente
agocham-se protegidas de infames olhadas
arcaicos pergaminhos que gardam em silêncio
arcanas verbas e inscriçóns do Oculto
dum luminescente Passado

Já começou a dança
já vibram as cordas de cítolas e saltérios
já resoa o pandeiro
baixo o estrelado Arco do Infinito

***

O Dragom do Tempo

Além da Lagoa do Esquecimento
onde descansa a Morte na Lua Nova
baixo a montanha das névoas perpétuas
onde o Sol nunca ousou alumear

Dorme num eterno salouco
Aquele que atesoura ialmas
arrincadas da lama e do esterco
já perdidas no Imenso Abismo

Já apodrecem nas velhas mámoas
cubertas polo esquecimento implacável
as derradeiras olhadas que na Negra Noite
sentírom a luz das estrelas esmorecer

Já ficam valeiros os derruídos sartegos
onde medra a amarga sensaçom do Olvido
de ossos que uma vez tremêrom no Escuro
baixo o enxordecedor e agónico berro do Dragom do Tempo

***

Orvalho no silêncio

Já sinto nesta fria noite
como o negro licor adormece o meu sangue
já alvisco sorridente o negro olhar
daquela que me acompanha dende a Ialba da Memória

Já afouto roubei ao Dragom do Tempo
na sua montanha além da Lagoa das Ialmas Esquecidas
baixo uma sanguenta Lua de Outono
o segredo do Eterno e o Inconcebível

Já pouso os meus dedos neste velho oud
e começo a derradeira das proibidas variaçóns
já o Nada fai calar o lume da lareira
e um lene orvalho bica o repentino silêncio